Presidente Lula concedeu uma entrevista para a rádio difusora de Goiânia na manhã desta sexta-feira, 06, e falou sobre a conjuntura política, economia e programas sociais.
Lula foi questionado pelos apresentadores sobre o escândalo que explodiu no Governo nessa semana envolvendo os ministros da Igualdade Racial, Anielle Franco e Silvio Almeida, dos Direitos Humanos.
“É preciso que ele tenha direito de defesa (…). Não posso permitir que tenha assédio no governo. Vamos ter que apurar corretamente, mas não é possível a continuidade no governo porque o governo não vai fazer jus ao seu discurso, à defesa das mulheres e dos direitos humanos com alguém que esteja sendo acusado de assédio”, disse Lula.
Desde o início da semana, circulam nos bastidores de Brasília documentos que acusam que o Ministério dos Direitos Humanos foi palco de assédio moral envolvendo o próprio Silvio e suas duas assessoras mais próximas.
As denúncias referem-se a gritos, pressão psicológica, estipulação de prazos abusivos e constrangimentos. Segundo reportagem divulgada pelo UOL, até janeiro de 2024 foram abertos dez procedimentos internos para apurar supostos casos de assédio moral no ministério, sete deles foram arquivados por ausência de materialidade, e três ainda estavam em aberto até julho deste ano.
A reportagem segue afirmando que, desde o início do governo, ao menos 52 pessoas saíram da pasta: 25 em 2023 e 27 entre janeiro e julho de 2024. Ao menos 31 pessoas pediram demissão. Todos os envolvidos criticam as condições de trabalho da equipe gerida por Silvio Almeida.
Paralelo a isso, A revista Veja publicou uma matéria com denúncias em Off the Records de estudantes da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo. As fontes revelaram que ouviram relatos de colegas mulheres assediadas pelo ministro Silvio Almeida entre os anos de 2007 e 2012. Silvio deu aula na instituição entre 2005 e 2019.
Segundo a Veja, os relatos são de tentativa de troca de favores sexuais para que a avaliação das provas fosse alterada por notas mais altas para alunas, sob o risco de reprovação em matérias lecionadas pelo Ministro, na época professor.
Entre as envolvidas nas acusações de assédio sexual contra Almeida, apareceu o nome da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Segundo as denúncias, Silvio teria colocado a mão na perna da Ministra, além de outros comportamentos considerados inapropriados.
Nesta quinta-feira, a Organização Internacional “Me Too Brasil”, que acolhe vítimas de violência sexual, divulgou que foi procurada por mulheres assediadas por Silvio Almeida e publicou uma nota em defesa das envolvidas na acusação.
“A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico”, diz o documento.
O escândalo gerou tensões no núcleo duro do Governo, entre militantes e o próprio campo progressista. A avaliação é de que a história toda sirva de munição para a extrema-direita, que dia sim e outro também busca afundar o governo.
O presidente Lula deve se reunir com Silvio e Anielle nesta sexta-feira e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, deve se pronunciar até o final do dia.
Anielle ainda não se pronunciou sobre o caso que corre nos bastidores dos três poderes desde junho deste ano. Por outro lado, Silvio Almeida publicou uma nota pessoal pelos canais do Ministério dos Direitos Humanos repudiando as acusações, o ministro se declara inocente.