A maior parte dos lares sem acesso ao gás de cozinha é composta por famílias de baixa renda

Foto: Agência Brasil

A maior parte dos lares sem acesso ao gás de cozinha é composta por famílias de baixa renda

As famílias de baixa renda continuam sendo as mais afetadas pela precariedade no acesso às fontes básicas de energia, como eletricidade e gás de cozinha. Dados do Observatório Brasileiro de Erradicação da Pobreza Energética (Obepe) revelam que, mesmo entre os lares com acesso ao gás, cerca de 5 milhões ainda utilizam biomassa, lenha, carvão ou resíduos como principal fonte para cozinhar. Outros 800 mil domicílios dependem exclusivamente de biomassa.

O levantamento chama atenção para o fato de que 56% dos lares que não usam gás de cozinha pertencem a famílias de baixa renda. O estudo mapeia a pobreza energética no Brasil e traz números preocupantes: 1,3% das residências do país não têm acesso contínuo à energia elétrica, o que compromete a segurança alimentar, o uso de equipamentos médicos e o conforto térmico dos moradores.

Segundo o Censo de 2022 do IBGE, 12,7 milhões de domicílios – ou 17,1% dos 75 milhões de lares brasileiros – ainda utilizam lenha para preparar alimentos. Embora esse número tenha diminuído em relação a censos anteriores, o problema vai além da infraestrutura: o alto custo da energia também é um obstáculo relevante.

O relatório do Obepe mostra que um quarto das famílias brasileiras gasta mais de 10% da renda mensal com contas de energia e gás. E a tendência é de que esses custos aumentem. Com a recente derrubada de vetos presidenciais pelo Congresso Nacional, especialistas alertam para possíveis impactos negativos nas tarifas.

Entre os pontos derrubados está o veto à regulamentação da instalação de usinas de energia eólica offshore. Com isso, passa a ser obrigatória a contratação de novas usinas geradoras, o que pode pressionar os preços da conta de luz. A nova regra também prevê a contratação compulsória de pequenas centrais hidrelétricas (4,9 GW), além da extensão dos contratos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), com previsão de construção de uma planta de hidrogênio (250 MW) e contratação de energia eólica no Sul do país (300 MW).

De acordo com a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), as medidas podem gerar um impacto de R$ 197 bilhões até 2050, ou cerca de R$ 7,5 bilhões por ano, elevando ainda mais os custos para o consumidor final.

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