O AMOR ROMÂNTICO NÃO PRECISA SER UM INIMIGO
O AMOR ROMÂNTICO NÃO PRECISA SER UM INIMIGO
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Calma! Eu tô por dentro de toda a discussão relacionada às questões sociais levantadas nos últimos anos, que revelam que o patriarcado faz dos relacionamentos um método de exclusão social e misoginia seja para mulheres negras ou brancas.
Em um passado distante, o papel da mulher dentro do casamento, por exemplo, estava ligado a transações comerciais, a estabelecer relações diplomáticas entre territórios a fim de garantir a prosperidade da família. A mulher era o objeto comercial enquanto quem se relacionava de fato era a macharada.
Por volta do século 19, no ocidente, os trovadores resignificaram o ato de se relacionar ao incluir um novo elemento em suas prosas, a paixão. Ao descrever esse sentimento abrupto, arrebatador que te faz querer estar mais perto da pessoa amada, os poetas abriram a porta para algo que a sociedade francesa da época não sabia denominar. E quando se nomeia algo, ele passa a existir e por fim, a infinidade de filmes, séries e livros sobre o tema fomenta o pensamento de que a felicidade só é plena quando se tem alguém ao lado.
Nos últimos anos, o debate sobre os malefícios do amor romântico na vida das mulheres desde o início da vida afetiva foi conteúdo de estudiosos, ativistas e feministas. Anna Machin é antropóloga e pesquisadora da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Para ela, há uma supervalorização do amor romântico na sociedade e isso faz com que as pessoas se esqueçam que os outros tipos de amor como a amizade, o amor por um filho ou pela família são igualmente importantes.
“Não precisamos do amor romântico em nossas vidas. Há muitas outras formas de amor capazes de suprir nossas necessidades”, afirma Machin.
Mas o fato é que ninguém nasceu pra viver só. Na visão africana, o amor vai além do indivíduo e se estende para toda a comunidade. O amor para eles, está mais para um compromisso de apoio e respeito do que algo relacionado à sexualidade.
Uma das intelectuais negras que eu mais admiro é Bell Hooks. Bell classifica o amor como uma ação. Isso! “o amor é o que o amor faz” e foi nessa frase, escrita por uma das pessoas que viveu o movimento negro afrocentrado de forma mais genuina que eu me apego quando escolho me abrir para o amor romântico.
Uma vez que ele agiu até mim. O amor romântico, hoje classificado por muitas de nós, como algoz, sempre esteve disponível para as mulheres brancas ao meu redor. Para quem sempre foi escolhido, o amor romântico dos filmes sempre existiu. Porque no momento em que ele se abre para nós, mulheres negras nós não aceitamos e nos permitimos sermos amadas e desejadas?
É preciso descentralizar o amor do capitalismo, das violências e do racismo. O racismo nos afastou da sensação maravilhosa que é ser amada. Não fomos as noivas nas festas juninas, sempre figurávamos nas listas das mais feias da escola, ou éramos escolhidas apenas para o sexo e eu sei que isso ainda acontece com as nossas meninas. Entregaremos o direito de ser amada para as outras ou reivindicamos esse direito para que a nossa geração de mulheres e a próxima que virá saiba que não há nada de errado em ser quem é.
A ativista Carol Herrera diz que Através do amor romântico, inoculando desejos alheios, o patriarcado aproveita para controlar os nossos corpos, para heterodirigir o nosso erotismo, para conseguir que assumamos os limites que tem a feminilidade e sonhemos com a chegada do Salvador (Jesus, o Príncipe Encantado…) que nos escolha como boas esposas e nos ofereça o trono do matrimónio,o casamento como um troféu.
Sim, mas hoje podemos escolher e quando um cara legal bater na sua porta, abra. Mas leia Bell Hooks, Carol Herrera, Djamila Ribeiro, Angela Davis, mulheres que de tão livres sabiam e sabem que podem falar sobre o que quiserem, impor limites e verbalizar como devem ser amadas.
O filósofo Renato Nogueira fala que nós amamos porque estamos vivos. Simples Assim. Para as comunidades africanas existe uma dimensão espiritual. Duas pessoas unem-se por que uma força maior os une e os conduz na jornada amorosa
É esse amor real e sem posse que cura nossa comunidade. Podemos ter esperança para construir um futuro melhor e saudável para a mente, para o corpo e para o coração.
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