Pesquisa revela que assessores negros seguem se sentem invisíveis nos bastidores do Congresso

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Pesquisa revela que assessores negros seguem se sentem invisíveis nos bastidores do Congresso

Nesta quinta-feira, 04 de setembro, o auditório 12 da Câmara dos Deputados foi palco do lançamento da pesquisa inédita “Trajetórias dos assessores negros do Congresso Nacional: acessos, desafios e estratégias de permanência”. O estudo, fruto da parceria entre o Legisla Brasil e o movimento Mulheres Negras Decidem, escancara o que já se sabe nas ruas, mas que insiste em ser silenciado nos corredores de Brasília: o racismo estrutura até mesmo os bastidores da política brasileira.

Com 60 entrevistas realizadas de forma anônima e confidencial, a pesquisa ouviu assessoras e assessores negros que atuam diretamente na Câmara e no Senado. A maioria é de mulheres — 34 contra 26 homens — revelando que, além da barreira racial, o desafio de gênero também pesa. Entre os entrevistados, apenas três atuam no Senado, enquanto a imensa maioria, 57, está na Câmara dos Deputados.

O levantamento mostra que, mesmo com trajetórias marcadas por resistência e qualificação, os profissionais negros enfrentam pressões, silenciamentos e bloqueios estruturais para permanecer em cargos estratégicos de poder.

Para Fabiana Pinto, coordenadora do Mulheres Negras Decidem, o recado é direto: “Estamos denunciando um sistema que exclui, mas também apresentando propostas viáveis. É um chamado coletivo para transformar os bastidores da política e consolidar a presença negra como elemento estruturante da democracia brasileira.”

As recomendações da pesquisa apontam para a necessidade de ação concreta de casas legislativas, partidos, mandatos e sociedade civil, indo além do discurso e assumindo compromissos institucionais para garantir que a política represente, de fato, a pluralidade do povo brasileiro.

O estudo também traça um panorama das formações educacionais, sociais e políticas que moldaram o caminho até os gabinetes. A análise revela tanto as potências quanto os obstáculos históricos que seguem dificultando o acesso e a permanência de pessoas negras em espaços de decisão.

Segundo Fernando Haddad, diretor do Legisla Brasil, “é preciso jogar luz sobre quem constrói a política por dentro. Só um Legislativo diverso será capaz de responder com efetividade aos desafios da democracia”.

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