Perigo invisível: como a perícia detecta o metanol em bebidas falsas
Por meio da Documentoscopia, os peritos ampliam imagens de selos, lacres e embalagens para identificar diferenças entre produtos originais e falsificados. A embalagem é colocada em um equipamento que mostra detalhes como relevos e carimbos, o mesmo método também é usado para detectar dinheiro e documentos falsos.
“Um selo falso já indica que uma garrafa original pode ter sido reutilizada com bebida falsificada”, explicou a diretora do núcleo, Nícia Harumi Koga. “Com o Comparador Espectral de Vídeo, conseguimos ampliar e comparar os elementos gráficos, percebendo diferenças e a qualidade inferior do produto falsificado. Assim, confirmamos a adulteração das embalagens”, completou.
Testes químicos identificam a presença de metanol
Depois da análise da embalagem, o frasco segue para o Núcleo de Química, onde passa por testes que verificam a presença de metanol. Os peritos analisam a composição química e utilizam equipamentos como o espectrômetro de massa e o cromatógrafo, que identificam e separam os componentes da amostra.
Essa tecnologia permite medir com precisão a quantidade de metanol e determinar se ela está acima do limite permitido.
“Não basta saber se há ou não metanol. É preciso identificar quanto existe e se o nível está acima do normal”, explicou o perito Alexandre Learth, do Centro de Exames, Análises e Pesquisas (Ceap).
Perigo real à saúde
As investigações mostram que bebidas falsificadas costumam ter concentrações muito maiores de metanol do que as regulares. O especialista alerta que apenas 10 mililitros da substância podem causar lesões no nervo óptico e, em doses a partir de 30 mililitros, levar à morte.
A comparação com padrões originais fornecidos pelos fabricantes ajuda a confirmar se o produto é autêntico ou adulterado.
A Polícia Científica atua em conjunto com as polícias Civil e Militar no combate a fábricas e laboratórios clandestinos de bebidas adulteradas. Até agora, 192 casos foram registrados, sendo 178 ainda em andamento e 14 confirmados. Foram realizadas cerca de 60 operações em bares, festas, distribuidoras e fábricas clandestinas.
Em apenas uma semana, mais de 7 mil garrafas suspeitas foram apreendidas, além de tampas, rótulos e outros materiais usados na produção.
Nesta semana, 20 suspeitos foram presos, entre eles o maior fornecedor de materiais para falsificação de bebidas do estado de São Paulo. Até esta segunda-feira (6), o balanço aponta mais de 50 mil garrafas apreendidas e 41 pessoas presas.
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