“Cidade de Deus” é eleito 15º melhor filme do Século, mas parte dos atores vive na miséria e não colhem as glórias da superprodução

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“Cidade de Deus” é eleito 15º melhor filme do Século, mas parte dos atores vive na miséria e não colhem as glórias da superprodução

O longa nacional Cidade de Deus recebeu mais uma honraria mundial, desta vez, foi reconhecido pelo The New York Times como um dos 100 melhores filmes do século 21 e ocupa a 15ª posição no ranking.

Com direção de Fernando Meirelles e Kátia Lung, o filme é a única obra representando o Brasil na lista que conta com outros grandes sucessos como Parasita, do Sul-Coreano Bong Joon Ho.

O feito se deu a partir da escolha de mais de 500 profissionais da indústria cinematográfica mundial, entre eles, atores, diretores, roteiristas e críticos de cinema.

Cidade de Deus, foi lançado em 2002 e segue colecionando prêmios no Brasil e no mundo e se mantem como uma das obras mais marcantes do cinema global contemporâneo, apesar disso, nem todos os envolvidos na produção vivem as glórias da produção.

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Grande parte do elenco veio do projeto Nós do Morro, uma iniciativa cultural criada em 1986 no Morro do Vidigal, Rio de Janeiro, com o objetivo de oferecer acesso à arte e cultura para moradores da comunidade, por meio de cursos e atividades nas áreas de teatro e cinema, a produção foi, um marco na carreira de cada um deles, mas como em muitas ocasiões, para quem é profissional favelado, o status não vem acompanhado de reconhecimento financeiro.

Certa vez, durante entrevista a atriz Roberta Rodrigues afirmou: “De repente, eu entendi que a gente estava em um filme renomado, um filme que foi para o Oscar, e aí? E o dinheiro?”, questionou a intérprete. Roberta atribuiu ao racismo estrutural essa desvalorização dos atores pretos.

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Roberta Rodrigues como Berenice em Cidade de Deus (2002); atriz falou sobre pagamentos da época

A atriz continuou: “Hoje, 24 anos depois, eu posso falar: é absurdo a gente não estar milionário, e digo isso com toda a humildade do mundo, com todo respeito. É absurdo a gente não ter a nossa casinha onde quer que a gente quisesse. Qualquer filme com esse lugar que atingiu, se fosse com pessoas brancas, teria sido um outro lugar. Essas pessoas não precisariam trabalhar nunca mais. “As pessoas falavam: ‘cara, vocês estão milionários, né?’. A gente conta no dedo quem conseguiu comprar casa! Foi um reboliço dentro do mercado, mas a gente também luta por esses direitos”, conta

O documentário “Cidade de Deus – 10 anos depois”, aborda o impacto do filme na vida dos atores e fala sobre as conquistas profissionais e também elenca os desafios enfrentados pelo elenco incluindo dificuldades financeiras e a dificuldade de lidar com a fama e falta de outras oportunidades no cinema ou na TV.

Mas então, quem ganhou com a obra?

Continuou ganhando quem sempre ganhou. Após o sucesso de “Cidade de Deus”, Fernando Meirelles continuou sua carreira no cinema, dirigindo filmes como “O Jardineiro Fiel” e “Ensaio sobre a Cegueira”, além de produções internacionais como “Os Dois Papas”. Recentemente, ele tem se dedicado a projetos no streaming, como a série “Pico da Neblina”, e também ao teatro. Em resumo, a vida de Fernando Meirelles após “Cidade de Deus” tem sido marcada por uma carreira cinematográfica de sucesso.

Kátia Lund, após a codireção do filme “Cidade de Deus”, continuou sua carreira no cinema e televisão, trabalhando em diversos projetos audiovisuais. Ela dirigiu e codirigiu filmes, documentários, séries e comerciais, além de ter participado de projetos internacionais. 

Além disso, da codireção do longa brasileiro ela representou o Brasil no Festival de Cannes, que acontece todos os anos na França.

EDITORA-CHEFE / REPÓRTER: Formada em jornalismo pela Universidade Paulista, possui 8 anos de experiência com jornalismo periférico e independente, com passagens pelo Estadão Expresso Na Perifa, Agência Mural de Jornalismo, Programa Eli Corrêa, Revista Fórum, Você Repórter da Periferia entre outros.

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