Familiares protestam em frente ao Fórum da Barra Funda contra novo adiamento de audiência do caso Paraisópolis

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Familiares protestam em frente ao Fórum da Barra Funda contra novo adiamento de audiência do caso Paraisópolis

Na manhã desta terça-feira, 26, familiares dos nove jovens mortos no Massacre de Paraisópolis, em dezembro de 2019, realizaram uma manifestação em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. O ato aconteceu em resposta à sinalização do Tribunal de Justiça de São Paulo sobre o cancelamento da audiência de instrução do caso, que estava marcada para hoje.

Mesmo com a indefinição sobre a realização da audiência, ainda pendente de decisão formal por parte do juiz. Os familiares decidiram manter a manifestação, reforçando a denúncia de lentidão e instabilidade no andamento do processo judicial.

“Essa instabilidade é mais uma forma de violência contra nossas famílias”, disseram em nota pública divulgada nas redes sociais. “Desde 2019, vivemos um luto arrastado, sem respostas concretas, e seguimos sem a garantia de que os responsáveis pelas mortes de nossos filhos e filha irão a júri popular.”

A manifestação reuniu familiares, amigos das vítimas, movimentos sociais e apoiadores, que ocuparam a entrada do Fórum com faixas, cartazes e palavras de ordem por justiça. Com gritos de “Não foi pisoteamento, foi massacre!” e “Justiça pelos 9!”, os presentes denunciaram os sucessivos adiamentos e o que consideram manobras para impedir que os policiais militares envolvidos sejam responsabilizados criminalmente.

Desde o dia 1º de dezembro de 2019, quando nove jovens: Mateus dos Santos Costa, Gustavo Xavier, Marcos Paulo Oliveira, Gabriel Rogério de Moraes, Eduardo Silva,Denys Henrique Quirino, Dennys Guilherme dos Santos, Luara Victoria de Oliveira e Bruno Gabriel dos Santos, foram mortos durante uma ação da Polícia Militar em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, os familiares aguardam por justiça. As vítimas foram perseguidas e encurraladas em um beco, morrendo por asfixia mecânica, de acordo com laudos periciais.

Passados quase seis anos, o caso ainda não foi a júri, e os PMs envolvidos seguem sem condenação. “O tempo passa, os familiares adoecem, algumas mães já se foram sem ver a justiça pela qual lutaram. Até quando vão nos impor essa espera cruel?”, questionam os familiares em nota.

Mobilização segue ativa


O ato desta segunda-feira foi parte da mobilização #3Atos9Vidas, organizada por familiares e apoiadores sob as hashtags #Os9QuePerdemos, #JustiçaPelos9 e #Paraisópolis. Eles exigem que os responsáveis pelo massacre sejam levados a julgamento popular e responsabilizados pelos assassinatos.

O caso Paraisópolis se tornou símbolo das violações cometidas pela Polícia Militar em ações nas periferias, especialmente contra jovens negros. A manifestação de hoje reforça que, mesmo diante da morosidade da Justiça, os familiares seguem mobilizados e determinados a não deixar o caso cair no esquecimento.

“A nossa luta é pelos 9, mas também por todas as vítimas da violência policial e do Estado. Não aceitaremos mais silenciamentos. Queremos justiça, e não vamos parar até conquistá-la”, conclui o manifesto.

EDITORA-CHEFE / REPÓRTER: Formada em jornalismo pela Universidade Paulista, possui 8 anos de experiência com jornalismo periférico e independente, com passagens pelo Estadão Expresso Na Perifa, Agência Mural de Jornalismo, Programa Eli Corrêa, Revista Fórum, Você Repórter da Periferia entre outros.

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