Los Angeles em Chamas: o clamor dos imigrantes por justiça nos Estados Unidos militarizado

Texto: Rico Rodrigues
Edição: Rebeca Motta
Imagem: Reprodução

Os protestos que tomaram conta de Los Angeles nos últimos dias não são apenas uma reação a incursões do ICE ou à deportação em massa de imigrantes. São o grito de um povo historicamente silenciado, uma luta por dignidade, por justiça e por igualdade — valores que deveriam ser pilares de qualquer sociedade.

As recentes operações do governo federal, que resultaram na prisão de mais de cem pessoas em plena luz do dia, acenderam um estopim. Em bairros como Compton e Paramount, onde a diversidade é a alma da comunidade, famílias se viram cercadas por tropas, helicópteros e gás lacrimogêneo — como se buscar uma vida melhor fosse um crime.

A resposta da Casa Branca foi militarizar ainda mais a cidade. A entrada de tropas da Guarda Nacional sem o aval do estado não só desrespeita as autoridades locais, como ecoa momentos sombrios da história americana, em que força era usada para calar os que ousavam pedir igualdade. Para quem preza os direitos civis e a justiça racial, isso é inaceitável.

Enquanto isso, do outro lado, quem ergueu as mãos e a voz foram mães, estudantes, trabalhadores imigrantes, ativistas — pessoas comuns exigindo o fim das deportações e respeito aos seus direitos. São eles que enfrentam a polícia com cartazes, não com armas. São eles que mantêm viva a ideia de que a América é feita por imigrantes — e para imigrantes.

Esse movimento não é só por quem foi preso, mas por todos que carregam o peso da invisibilidade. Que vivem nas sombras, mesmo sendo a espinha dorsal de setores inteiros da economia. Que sonham com uma casa segura, filhos na escola e trabalho digno.

Lutar ao lado deles é reconhecer que a justiça não pode ter cor, nempassaporte. É entender que igualdade não é privilégio, é direito. E que, quando o governo vira as costas para os mais vulneráveis, a rua se torna o lugar onde a esperança resiste — mesmo em meio ao gás lacrimogêneo.