Pelo menos 26 meninas entre 10 e 14 anos dão à luz todos os dias no Brasil

Pelo menos 26 meninas entre 10 e 14 anos dão à luz todos os dias no Brasil

Um estudo publicado na revista Ciência e Saúde veiculado na ultima quinta-feira, 20, todos os dias, pelo menos 26 meninas entre dez e 14 anos se tornam mães no Brasil. Este dado alarmante destaca uma preocupante realidade de saúde pública e desigualdade social.

Entre 2011 e 2021, o Brasil registrou 107.876 nascimentos de bebês de meninas que engravidaram antes dos 14 anos, representando 0,4% do total de nascidos vivos no país. Essas jovens, em sua maioria (75%) negras, e residentes predominantemente nas regiões Norte e Nordeste (60,6%), enfrentam uma combinação devastadora de vulnerabilidade e riscos aumentados durante a gravidez.

A pesquisa destaca que 55% das meninas mães não realizaram o número mínimo recomendado de consultas pré-natais (sete ou mais), em relação aos 31% das mães adultas. Além disso, um terço delas (32%) só começou a fazer o pré-natal tardiamente, entre a 20ª e a 27ª semana de gestação, enquanto entre as mães adultas, este número é de 15%.

Meninas grávidas têm os piores níveis de escolaridade: 6,3% delas têm até três anos de estudo, comparado a 3,4% das mulheres com mais de 20 anos. 

A pesquisa também destaca que muitos desses casos são descobertos tardiamente, muitas vezes quando a gravidez já está avançada, o que complica ainda mais o acesso a serviços de saúde adequados e aumenta os riscos para mãe e filho. Em 2023, houve 140 casos de aborto legal entre meninas de até 14 anos, mais que o dobro do registrado em 2018, quando foram 60 casos. Contudo, barreiras legais e sociais ainda dificultam o acesso ao aborto seguro e legal.

neste contexto, parlamentares do centro à extrema direita tentam da Câmara dos Deputados, tentam aprovar um projeto de lei que criminaliza o aborto após as 22 semanas de gestação. O tema ganhou as redes e as ruas. Há pelo menos duas semanas mulheres em vários estados saíram as ruas para manifestar contra o relator do projeto, o Deputado Sóstenes Cavalcante (PL) e do presidente da casa, Deputado Arthur Lira (PP). A pauta está suspensa até depois das eleições municipais deste ano.

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